Mais um dia cinzento
A janela do meu quarto é a única da casa que não tem cortinas...gosto de receber os primeiros raios da manhã abrindo o concerto de passarinhos. Mas cadê meus raios de sol, cadê meus pardais, bem-te-vis e o beija-flor? Meus bichinhos devem estar de asa murcha e bico fechado, como eu. Hoje, mais uma vez abri os olhos pra janela cinzenta ao som de pneus arrastando água no asfalto...aí percebi quanto estava cinzenta...a porta do quarto, cinzenta...ao lado da cama cinzenta, num pedaço cinzento de jornal , Maiakovski dizendo que “ Não acabarão com o amor, nem as rusgas, nem a distância. Está provado, pensado, verificado...” Duvido!...na prática, tanto as rusgas quanto as rugas e a distância acabam com o amor, sim...pelo menos a forma mais “popular”de amor...Mas não tô a fim de falar de amor; entrei aqui pra falar de cinzento...abro o estojo cinzento e pego meus óculos...abro a porta cinzenta e quase piso na gata gorda e cinzenta, de olhos amarelos cor de sol, esparramada no tapete preto meio cinzento. O banheiro é também todo cinzento, com exceção do teto que é branco; daí começo a pensar como seria triste o mundo cinzento...mas noutro cômodo da casa um belo vaso de amarílis lindamente vermelhas, presente da minha norinha nada cinzenta, me faz emprenhar de uma idéia que será parida em tela e tinta logo, logo: uma flor vermelha quebrando o cinzento quase preto de uma parede de pedras. Olhando o jardim ressaqueado de tanta água, vejo um tronco verdinho de musgo, um branquíssimo copo-de-leite, hortênsias vacilantes entre o rosa e o lilás, e romãs avermelhando...daí em vez de continuar cinzenta, começo a enumerar as boas coisas dos dias cinzentos: inventar uma comidinha bem gostosa e colorida, tomar chocolate quente, vinho tinto, ler debaixo do edredom, comer pipoca, ouvir Mercedes Sosa dando gracias a la vida (valeu, Fernandinho!), ver um filme e pintar, pintar muuuuito e esperar o sol.
Sol, venha logo! Preciso de você e do azul para secar e abrir minhas asas!
A janela do meu quarto é a única da casa que não tem cortinas...gosto de receber os primeiros raios da manhã abrindo o concerto de passarinhos. Mas cadê meus raios de sol, cadê meus pardais, bem-te-vis e o beija-flor? Meus bichinhos devem estar de asa murcha e bico fechado, como eu. Hoje, mais uma vez abri os olhos pra janela cinzenta ao som de pneus arrastando água no asfalto...aí percebi quanto estava cinzenta...a porta do quarto, cinzenta...ao lado da cama cinzenta, num pedaço cinzento de jornal , Maiakovski dizendo que “ Não acabarão com o amor, nem as rusgas, nem a distância. Está provado, pensado, verificado...” Duvido!...na prática, tanto as rusgas quanto as rugas e a distância acabam com o amor, sim...pelo menos a forma mais “popular”de amor...Mas não tô a fim de falar de amor; entrei aqui pra falar de cinzento...abro o estojo cinzento e pego meus óculos...abro a porta cinzenta e quase piso na gata gorda e cinzenta, de olhos amarelos cor de sol, esparramada no tapete preto meio cinzento. O banheiro é também todo cinzento, com exceção do teto que é branco; daí começo a pensar como seria triste o mundo cinzento...mas noutro cômodo da casa um belo vaso de amarílis lindamente vermelhas, presente da minha norinha nada cinzenta, me faz emprenhar de uma idéia que será parida em tela e tinta logo, logo: uma flor vermelha quebrando o cinzento quase preto de uma parede de pedras. Olhando o jardim ressaqueado de tanta água, vejo um tronco verdinho de musgo, um branquíssimo copo-de-leite, hortênsias vacilantes entre o rosa e o lilás, e romãs avermelhando...daí em vez de continuar cinzenta, começo a enumerar as boas coisas dos dias cinzentos: inventar uma comidinha bem gostosa e colorida, tomar chocolate quente, vinho tinto, ler debaixo do edredom, comer pipoca, ouvir Mercedes Sosa dando gracias a la vida (valeu, Fernandinho!), ver um filme e pintar, pintar muuuuito e esperar o sol.
Sol, venha logo! Preciso de você e do azul para secar e abrir minhas asas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário