quinta-feira, novembro 25, 2010

Muito pouco de tudo




Ando com medo de acordar qualquer dia a zumbizar, feito máquina, querendo ser, (quem sabe?) uma mulher bicentenária. Parece-me que resolvemos competir com as máquinas e nessa busca desenfreada pela perfeição, nesse querer ser superior e diferente, acabamos nos igualando pelo que temos de pior e vamos nos tornando um frio exército de seres de lata(deveríamos nos lembrar de que o grande desejo do “ homem de lata” era ter um coração...)

Não nos permitimos ser imperfeitamente perfeitos; rejeitamos o que temos de mais humano que são nossos defeitos e fraquezas, nossas diferenças que nos tornam únicos; não nos damos tempo de saborear, de experimentar, de esperar amadurecer, de dar o ponto. Não temos tempo e todo o tempo que tivermos será pouco. O mundo está aí transformado numa imensa vitrine e a ordem é consumir, é ter e ter muito. Pra isso é preciso correr e qualquer coisa que encurte nossos passos é um peso a ser descartado...aliás quase tudo é descartável. Coisas são substituídas a todo instante, não importa se atendem à necessidade para a qual foram adquiridas. Temos de exibir o mais caro, o mais moderno, o que simbolize sucesso;e nessa ânsia de TER, vamos nos esquecendo de SER; e transformamos também em coisas descartáveis, nossas relações. Vamos encolhendo a família, abandonando crianças e velhos, que são as extremidades da vida, e não nos interessam as pontas,as arestas, qeremos apenas o meio, o miolo, o filé, o melhor. Não nos sobra tempo para cultivar amizades, nem mesmo para o amor. Não bastam cumplicidade, companheirismo,afinidade para compartilhar a vida, a mesa, a cama...não basta sexo com amor...é preciso variar, é preciso buscar algo diferente a cada dia, é preciso corpo perfeito, é preciso juventude eterna. E seguimos garimpando o PERFEITO, esquecendo que viver é simples, que temos muito e precisamos de muito pouco.
Que eu me aceite falha, que não congele meu sentir, que saiba anoitecer esperando um novo amanhecer.

quarta-feira, agosto 25, 2010

Ouro, que te quero ouro...


Ouro que te quero ouro, ouro que te quero cor, ouro que te quero flor...


Agora Brasília cobre-se de amarelo-ipê e e doura-me as asas...

e fico de alma em flor...

quinta-feira, agosto 05, 2010

Atrás do espelho


A que o espelho não mostra

nega a cor da pele,

vive à flor da alma

de alma nua, pura

qual Maria, a Madalena

crua em pelo, plena

tempestade e calmaria.

A que o espelho não mostra,

a que abre a porta,

a que rasga o véu,

a que vence o tempo,

a que morde a hóstia

a que estanca o sangue,

a que toma o corpo

a que cospe o verbo,

e descrê do eterno.

A que acata,

afaga e afasta,

grita e sussurra,

rasteja e flutua.

A que o espelho não mostra

em chamas fenece

das cinzas renasce

Acredita e sonha...

Espera...

deseja...

e vibra...

e pulsa...

e vive...

e vive...

Ainda que ouça

da que o espelho mostra:

ÉS MORTA!!!


Nem tudo o que é condenado a morrer, morre.

Nem tudo o que parece morto, é morto.

A grama que parece morta pela seca ou pelo fogo,

aos primeiros pingos de chuva,

renasce, mais verde que nunca...

sexta-feira, junho 18, 2010

Das pequenas grandes coisas

Enquanto os noticiários e a "rede" explodem em gols e em campanhas pró ou contra este ou aquele candidato ao poder, cá no líquido amniótico da minha alienação, sem time, sem religião e sem partido, quero mais é a grandeza das pequenas coisas.
Quero leveza-beleza de asa de borboleta(só pra variar), de bolha de sabão, de sabiá-laranjeira, de florada de paineira, de aromas e de amoras, de ilhas e trilhas, de trilhos e milhas, de milho e de trigo, de massa e de taça, de tintas e tintos, de telas e cores, de curvas e retas, de ventos e velas, de serra e de mar, de cão e de gato, de mato e de moto, de sol e de sal, de mel e de lua, de chuva e de nuvem, de chama e de gelo, de pedra e de seda, de beijo e de queijo, de menta e magenta, manjericão e pimenta, lavanda e limão, fogueira e ciranda, de sombras e sons, de colibri e turquesa, de margarida e bem-te-vi, de ametista e violeta, de rosa e de cravo, de riso largo e rios rasos, de lagos e afagos, de toques e tons...de alma nua e pé no chão...

É que ando agora a saborear lentamente, em cada pontinho da língua, as jabuticabas restantes...e a vida segue seu curso, com ou sem o meu discurso.

sexta-feira, maio 14, 2010

Contagem Victoriana


Victor, o filhinho de um colega de trabalho, saiu com esta:

- Pai, vamo contar até mil?

- Vamo! Um, dois, três...cento e nove...

- Ah, pai! Cansei! Quero chegar rápido no mil...

- Tá bom, então: cem, duzentos, tezentos...

- Não pai, já sei! mil e pirulito, mil e paçoquinha, mil e pão de queijo...


Entendeu? eu entendi e adotei a idéia...se a coisa é chata, ponha açúcar.

Quantas vezes saí por aí, contando até mil, para encarar alguma tarefa desagradável, tentando fazer o tempo passar mais depressa?!

Daqui pra frente, quando achar que falta muito para alcançar uma meta, seja qual for, usarei a "contagem victoriana", adaptada ao meu "cardápio": mil e sol poente, mil e lua cheia, mil e borboleta, mil e caliandra, mil e minha ilha, mil e banho de mar, mil e flor do mato, mil e sabiá, mil e livro bom, mil e pé descalço, mil e asa aberta, mil e...

terça-feira, maio 04, 2010

Amar=Elo


Há quem acredite amar pássaros, prendendo-os em gaiolas...há quem os ame, oferecendo abrigo em liberdade...porque amor é laço, é elo. Nó, corrente, jamais.

Amarelos


Há quem tenha prazer em pichar paredes alheias...há quem espalhe beleza, plantando girassóis...apenas opções.

segunda-feira, maio 03, 2010

Porta do céu


Encontrado o caminho, abertos os olhos da alma, eis a porta do céu!




PS: Algumas imagens inspiram palavras, frases, textos...estas trarei pra cá...outras dizem tudo por si ou são apenas registros de bons momentos que gostaria de dividir com os amigos e estarão ali: http://asazul.nafoto.net/

quinta-feira, abril 29, 2010

Tempo de quê?




Era tempo de descalçar,


de descansar,


Era tempo de se despir...


Era tempo de ir...


Era tempo de pé-talas,


de chão de estrelas...




Porque há grandezas que nos tiram as máscaras, as esporas, as armaduras...


e saímos leves por aí, vazios de sentir, de saber, de pensar, de querer...


e saímos por aí a pisar em plumas, em brumas, em pétalas...a ouvir estrelas...