sábado, dezembro 23, 2006
Em folha!
Fim de ano... por mais avessos que sejamos às convenções e comemorações não dá pra escapar do clima de renovação, cada um do seu jeito. Pra mim é tempo de limpar gavetas em todos os sentidos, jogar fora coisas inúteis, arejar a casa e a alma. E fazendo isso, lembrei-me do melhor dos meus Natais, com minha família em uma fazenda , em plena harmonia com a natureza, com direito a banho de cachoeira com o sol por toalha.
Fim e começo são apenas conceitos, não é a virada do calendário que nos vai trazer grandes mudanças; mas essa fatia de tempo que agora se encerra trouxe decisões, aprendizado e crescimento.
Que venha 2007, que traga a beleza do sete! Há quem tenha certo receio do número sete; acho-o significativo, rico. São sete as cores do arco-íris, sete as notas musicais, sete os dias da semana, sete os véus da bela dança, os segredos do tesouro, as vidas do gato, os sentidos da mulher. Tá bom! Tem também as sete pragas do Egito, sete palmos debaixo do chão, mas isso a gente deixa a setenta vezes sete milhas de distância do pensamento!
Que venha 2007 com muita paz! Vou esperá-lo “sem rádio e sem notícia das terras civilizadas”, por isso é esta minha última postagem de 2006.
A todos que passarem por aqui, desejo PAZ!!!
Que venha 2007 , novinho em folha, flor e fruto e nos faça renascidos!
Sibipiruna
Sibipiruna
Palavrinha difícil de falar, parece um quebra-língua! Se a palavra enche a boca, o que ela designa enche os olhos e encharca a alma de tanta beleza! A cidade está amarelinha de novo! Parece que as árvores fizeram um pacto de deixar sempre dourado o céu de Brasília...Quando saem de cena os ipês e as caraibeiras, vêm as sibipirunas. “Contemplativos” agradecemos!
quinta-feira, dezembro 21, 2006
Esclarecendo
Recebi uma cobrança/sugestão: por que não faço referência às imagens postadas? Fiz quando usei foto de uma amiga, quando fiz foto de foto, como no caso de uma reportagem do Correio Braziliense; as demais, são todas minhas; as telas que fotografo também são minhas, por isso não vejo necessidade de mencionar. Se você gosta de fotografia não profissional e quiser visitar minha "galeria" no http://www.emquadro.com.br (vilma) será bem-vindo! Tenho algumas também no http://www.photografos.com.br/ (josefa vilma) mas abandonei; o tempo não dá pra tanta coisa. Ficamos entendidos agora? Obrigada pelo toque!
quarta-feira, dezembro 20, 2006
E Então Seria Natal!
Quisera Natal fosse algo mais que shopping, vinho e peru!...O que é Natal? Aniversário de quem mesmo?
Organiza o Natal
(Carlos Drummond de Andrade)
Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon - sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.
Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.
A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.
A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.
Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.
O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.
Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.
A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.
O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.
E será Natal para sempre.
De tudo fica um pouco
Porque fica um pouco da rosa despetalada, do vinho "destinto" e derramado, da tela rasgada, da porta fechada, gosto destes trechos do poema
"Resíduo"
de Carlos Drummond de Andrade
...De tudo ficou um pouco
...De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa ficou um pouco.
Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.”
...Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficariaum pouco de mim?
E de tudo fica um pouco.
...Oh abre os vidros de loção
...Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo...
sexta-feira, dezembro 15, 2006
Para refletir
quinta-feira, dezembro 14, 2006
Onde mora a poesia?
No reino das palavras, disse o Poeta...e o reino das palavras tem súditos em toda alma que se permita ver além do óbvio.
Procura da Poesia
(Drummond)
(Drummond)
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha
de espuma.
O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques,
não indagues.
Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Poema musicado
Suave como as "mãos da chuva", poema de E.E. Cumminigs, traduzido por Augusto de Campos e musicado por Zeca Baleiro.
nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa
ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente, de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;
nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade; cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira
(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas.
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa
ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente, de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;
nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade; cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira
(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas.
quarta-feira, dezembro 06, 2006
terça-feira, dezembro 05, 2006
Bolhas de Sonho
Um livro seduziu-me pela capa...não a capa em si, mas o que dela emana, assim como nunca é um rosto que me atrai, mas o que ele tem de expressivo: o olhar independente da cor dos olhos, o sorriso independente da forma da boca... Mas o olhar do livro, a janela da alma que ele me mostrou, assim como quem não quer nada, foi isto:
“Ver um Mundo num Grão de Areia
E um céu numa Flor silvestre,
Ter o infinito na palma da sua mão
E a Eternidade numa hora.”
(William Blake)
Esta jóia estava nas mãos de uma colega de trabalho...pedi licença e fui logo pegando; o título do livro é Um céu numa flor silvestre (A beleza em todas as coisas) de Rubem Alves, de quem me tornei admiradora depois de “apresentada” por uma amiga à casa virtual dele...( http://www.rubemalves.com.br/) . A visita como não poderia deixar de ser começou pelo jardim...daí fui enveredando por todos os cantos e sempre que volto tenho belos momentos de fascínio. Mas tô aqui pra falar do livro...foi paixão á primeira vista; a colega que já estava levando emprestado de outra, prometeu emprestar-me, mas eu não ia esperar; saí procurando e comprei. Foi a coisa mais bonita que veio parar em minhas mãos neste ano; Li em duas tardes. É impressionante como em 163 páginas coube a beleza de Bach, Beethoven, Mozart, Chico Buarque, Nelson Freire, Turner, Constable, Van Gogh, Picasso, Monet , Michelangelo, Bachelard, Fernando Pessoa, Guimarães Rosa e outros iluminadores de almas mais a beleza das letras, de colchas de retalho, de bordados, da delícia que é cozinhar com e para quem se gosta, a beleza dos sons do silêncio ou das asas das borboletas, (isso mesmo, sons de asas de borboleta); a beleza das bolhas de sabão e de caminhar sozinho junto ao verde ou junto ao mar. É beleza que não acaba mais e para falar tudo que ele inspira seria preciso escrever também um livro. Encontrei inspiração para infinitos “post”, pois em muitas das crônicas senti minha alma lida, escrita e descrita. Se pudesse dar uma forma que não livro a esse pote de beleza diria que é um buquê de bolhas de sabão recheado de margaridas, puxado por uma “revoada” de borboletas azuis num bosque de cerejeiras floridas; é um livro com voz de passarinho, cheiro de lavanda e gosto de amora madura, de vinho tinto, de chocolate com menta; é macio feito pêlo de gato.
Pra completar, o autor tem uma amiga Vilma que foi professora, faz poesias, ama o mar e cata conchinhas. Eu sou Vilma (apesar de Josefa), amo o mar, adoro conchinhas e a poesia é minha professora...
Quem sabe um dia, terei neste livro encantado o autógrafo desse fazedor de belezas como esta:
“...A beleza que os deuses oferecem aos homens como dádiva, cai dos céus à semelhança do maná. A beleza que os homens oferecem aos deuses como dádiva, sobe da terra aos céus como fumaça ou bolhas de sabão.”
Esquadros
Uma bela música de cores fortes, de que gosto muito e há um bom tempo não ouvia.
Esquadros
Adriana Calcanhotto
Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome dos meninos que têm fome
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela(Quem é ela? Quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde
Transito entre dois lados, de um lado
Eu gosto de opostos
Expondo meu modo, me mostro
Eu canto para quem?Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria meu cansaço?
Meu amor, cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado
sexta-feira, dezembro 01, 2006
Pisando leve
Caminhando com asas de borboleta, de cara pras nuvens...
Assim começou meu dia.
Ainda vou descobrir o que queriam me dizer três desses apaixonantes seres alados que em três diferentes trechos da minha caminhada, deram-me o prazer de sua "companhia"!
Que tenhamos todos um dia leve feito asas, pétalas e nuvens!
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