Porque fica um pouco da rosa despetalada, do vinho "destinto" e derramado, da tela rasgada, da porta fechada, gosto destes trechos do poema
"Resíduo"
de Carlos Drummond de Andrade
...De tudo ficou um pouco
...De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa ficou um pouco.
Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.”
...Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficariaum pouco de mim?
E de tudo fica um pouco.
...Oh abre os vidros de loção
...Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo...
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