terça-feira, dezembro 05, 2006
Bolhas de Sonho
Um livro seduziu-me pela capa...não a capa em si, mas o que dela emana, assim como nunca é um rosto que me atrai, mas o que ele tem de expressivo: o olhar independente da cor dos olhos, o sorriso independente da forma da boca... Mas o olhar do livro, a janela da alma que ele me mostrou, assim como quem não quer nada, foi isto:
“Ver um Mundo num Grão de Areia
E um céu numa Flor silvestre,
Ter o infinito na palma da sua mão
E a Eternidade numa hora.”
(William Blake)
Esta jóia estava nas mãos de uma colega de trabalho...pedi licença e fui logo pegando; o título do livro é Um céu numa flor silvestre (A beleza em todas as coisas) de Rubem Alves, de quem me tornei admiradora depois de “apresentada” por uma amiga à casa virtual dele...( http://www.rubemalves.com.br/) . A visita como não poderia deixar de ser começou pelo jardim...daí fui enveredando por todos os cantos e sempre que volto tenho belos momentos de fascínio. Mas tô aqui pra falar do livro...foi paixão á primeira vista; a colega que já estava levando emprestado de outra, prometeu emprestar-me, mas eu não ia esperar; saí procurando e comprei. Foi a coisa mais bonita que veio parar em minhas mãos neste ano; Li em duas tardes. É impressionante como em 163 páginas coube a beleza de Bach, Beethoven, Mozart, Chico Buarque, Nelson Freire, Turner, Constable, Van Gogh, Picasso, Monet , Michelangelo, Bachelard, Fernando Pessoa, Guimarães Rosa e outros iluminadores de almas mais a beleza das letras, de colchas de retalho, de bordados, da delícia que é cozinhar com e para quem se gosta, a beleza dos sons do silêncio ou das asas das borboletas, (isso mesmo, sons de asas de borboleta); a beleza das bolhas de sabão e de caminhar sozinho junto ao verde ou junto ao mar. É beleza que não acaba mais e para falar tudo que ele inspira seria preciso escrever também um livro. Encontrei inspiração para infinitos “post”, pois em muitas das crônicas senti minha alma lida, escrita e descrita. Se pudesse dar uma forma que não livro a esse pote de beleza diria que é um buquê de bolhas de sabão recheado de margaridas, puxado por uma “revoada” de borboletas azuis num bosque de cerejeiras floridas; é um livro com voz de passarinho, cheiro de lavanda e gosto de amora madura, de vinho tinto, de chocolate com menta; é macio feito pêlo de gato.
Pra completar, o autor tem uma amiga Vilma que foi professora, faz poesias, ama o mar e cata conchinhas. Eu sou Vilma (apesar de Josefa), amo o mar, adoro conchinhas e a poesia é minha professora...
Quem sabe um dia, terei neste livro encantado o autógrafo desse fazedor de belezas como esta:
“...A beleza que os deuses oferecem aos homens como dádiva, cai dos céus à semelhança do maná. A beleza que os homens oferecem aos deuses como dádiva, sobe da terra aos céus como fumaça ou bolhas de sabão.”
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