sexta-feira, setembro 21, 2007

O dia em que tive uma borboleta na mão





Já fui tocada, ou melhor, “adejada” por borboletas. Um dia até ganhei de presente um balé inesquecível de uma bela “asazul”. Mas, sempre quis muito, tocar uma delas. Essa semana, vivi essa experiência, esse desejado toque. Não sei de onde, uma bela alaranjada veio parar dentro de casa, bem cedinho. Debatendo-se em busca da saída, partiu uma asa. Lá vou eu, rastejando, me enfiando atrás de móveis tentando ajudá-la. Tentei fazê-la entrar num caneco, não consegui. Tentei com uma folha de papel, fez uma pequena pausa e continuou se batendo. Não queria pegar pelas asas com medo de machucar. Acabei conseguindo chegar bem perto, ofereci a mão e ela aceitou. Fiquei deslumbrada e pensei: Que foto eu vou perder! Mas o importante era salvar a bichinha. Nunca vou entender porque confiou em mim, e ficou quieta na minha mão. Levei-a pro jardim, torcendo para que voasse. Ia ficar sem foto, mas feliz por vê-la livre. Coloquei-a num cacho de hortênsias e ficou parada, abrindo e fechando as asas. Já que não ia embora, fui buscar a câmera para fotografá-la. Ofereci a mão de novo e de novo ela aceitou. Não dava par acreditar que havia uma borboleta pousada em meus dedos.Fiz fotos tremidas de emoção e pela incômoda posição de fotografar com uma mão só. Devolvi-a ao ramo de flores e por mais de meia hora fiquei observando-a. Nunca desejei tanto que partisse algo que sempre quis por perto. Em um minutinho que entrei em casa, sumiu. Desconfiei que a gata a tivesse matado, procurei pelo chão, pelas flores e nada. Algumas horas depois quando saía para trabalhar vi minha fadinha cor de labareda voando como a se despedir. Fiquei feliz, muito feliz! Não me aborrece por muito tempo, que pessoas se afastem de mim ou delas me afastem. Pessoas sabem o que é melhor para elas. Mas me entristece quando um bichinho que precisa de ajuda, foge com medo. Então desejo muito, muito mesmo falar a língua dele. Essa borboleta linda, entendeu o que eu disse em silêncio, o que eu podia fazer por ela e talvez saiba o que fez por mim.
Ficou a lição:
Asas partidas ainda podem voar.
(outras fotos no photografos)

Um comentário:

Anônimo disse...

"Existem muitas coisas nessa vida que só podemos dizer quando ficamos em silêncio"