quinta-feira, novembro 15, 2007

Das coisas que nunca foram



Há poucos dias, recebi uma bela mensagem, acompanhada deste instigante pensamento:

"Você vê as coisas como elas são e pergunta: por quê?
Mas eu sonho com coisas que nunca foram e pergunto: por que não?"
(Bernard Shaw)


Pensamentos são para pensar e eu pensei:

Houve tempo em que as coisas que nunca foram me fascinaram, me empurraram (ou me puxaram).
Arroubos, impulsos, querer diferente, paixões inconseqüentes, sonhos de amor eterno, onde “não importavam opiniões alheias”, tudo isso vivi e tudo é passado. Já não me cai bem, como não me cai bem usar saiinha colegial e cabelo “maria-chiquinha”. Olhando para trás vejo o querer sonhar com as coisas que nunca foram como impetuosas quedas d’água que em algum ponto serão águas calmas.
Hoje prefiro a serenidade dos lagos que refletem o real das coisas que são, pois estas, com boa margem de acerto, mostram as coisas como serão.
As coisas que nunca foram, são o amanhã que logo, logo será hoje, que por sua vez será ontem.

Mnemo


Mnemo

Branca espuma de algodão
Doce nuvem , coração
De abóbora,
De vidro ou de leão
Flor do mato, flor do “Rio”
“baronesa”, malmequer
“desfolhada”, chão de ipê
Pétala seca, página virada
Retrato marrom, carta amarelada
Primeiro beijo, última noite
Outra mentira, dor de açoite
Quarto minguante, olho crescente
Lua cheia, veia latente
Candeia vazia, alma vadia
Margarida e marguerita
Nove luas, “liberté”
Cuba libre e “igualité”
Quatro queijos, quatro cantos,
um trinado, um gorjeio,
três desejos, muitos contos
Mil e uma noites nuas
Olhos dágua, furta-cores
Sete curvas, sete dores,
Sete quedas,
sete véus e chapeuzinhos
três porquinhos
três marias,
três valias.
bambalalão, Senhor Capitão
Bolinhas de sol, bolhão de sabão
Cheiro de mar, de onda quebrada
Cheiro de mel, balinha esperada
Gosto de sal, gosto de fel
Feliz idade da pedra encantada
Encanto de estrada, viagem, miragem
Olhar de saudade, fechando o portão
Do tempo que o vento leva
Do tempo que o vento traz.
Tudo é memória, tudo é história.

A História é um romance que foi. O romance é a história que poderia ter sido.”
(Edmond e Jules Goncourt)