segunda-feira, maio 21, 2007

Portas para a luz


A biblioteca do órgão em que trabalho, promoveu um concurso de redação com o tema: "A Importância da Biblioteca para Divulgação do Conhecimento". Os três primeiros colocados receberiam como prêmios, livros jurídicos. Meu filho viu antes que eu visse e disse brincando: Vai lá mãe, ganhar pra mim! Fui. Ganhei o segundo lugar, a segunda pilha de livros aí da foto. Estou preparando para a minha meia dúzia de visitantes, um álbum com fotos de bons momentos, incluindo a cerimônia de entrega dos prêmios. Quando ficar pronto, aviso. Se divulgarem as redações, e me autorizarem os autores, pretendo mostrar aqui, pelo menos a da primeira e a do terceiro colocados. Por enquanto, vai a minha:



Portas para a luz



Tive infância e adolescência bem supridas de leitura. Em casa, eram raros os livros e muitos os cartões de bibliotecas públicas graças aos esforços de minha mãe, que queria para os filhos, futuro que nos orgulhasse do passado. Ela interpretou bem a passagem bíblica: “Ensina a criança no caminho em que deve andar e ainda quando for velho não se desviará dele”. Palavras que traduzi em: ensina à criança o caminho da biblioteca e ela jamais se “livrará” dele...estará para sempre livremente ”enlivrada”.
As atuais “Caixas de Leitura”, no meu tempo circulavam pelas escolas públicas, com o nome de “Biblioteca Ambulante”. Eram caixas em forma de pequenas casas, cheias de livros novinhos. Eram o prazer maior; melhor que qualquer guloseima, que qualquer brinquedo, era dar a “Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, partilhar as descobertas de Robinson Crusoé, viver o encanto de lendas e contos.
Tempo passando, bibliotecas sempre presentes, mudando apenas o foco de interesse. Em vez de estórias, a História com o fascínio das antigas civilizações, dos grandes descobrimentos; o encanto das artes e das ciências. Biblioteca, cantinho de estudar, em paz, para provas e concursos, conferir os resultados e vibrar com a aprovação. Biblioteca, ponto de encontro com Drummond, com Cecília, com Veríssimo e sua “Música ao Longe”. Íntimos, assim mesmo, pois na biblioteca, os “imortais” estão sempre ao alcance de qualquer mortal disposto a conhecê-los página por página.
Seja a nossa “Biblioteca Ministro Oscar Saraiva”, com seus tesouros jurídicos e recursos tecnológicos, seja aquela famosa que nasceu num açougue em Brasília, seja a Caixa de Leitura levada em lombo de jegue alegrando crianças nordestinas ou aquela outra, em São Paulo, criada por um “catador” que recolhe os livros do lixo, onde nunca deveriam estar, bibliotecas são portas para a luz, para a grandeza do conhecimento..

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