quinta-feira, dezembro 06, 2007

Entretantas...


Entretantas


Entre nuvens uma lua
Entre curvas uma rua
Entre tantas almas nuas
Uma alheia,
Uma minha,
Outra sua...
Uma sua, pinga sal
Outra lacrimeja fel
Uma ri como outra ria
Como ria
Outra geme
Da mesma dor que sentia
Do mesmo sentir que doía
Entre pedras, uma gema
Entre as pernas um poema
Entre flores a espinha
Atravessando a garganta
Uma dança...
A outra canta...
Entre claras,
Nuvem negra
Entre mudas, uma cega
Uma chega, a outra vai
Uma perde, a outra leva
Uma aurora, a outra hiberna
Uma antena, a outra terra
Uma asa, a outra perna
Entre perdas e feridas
A amarga descoberta
O roubado é só veneno
O amado é sulfurino
Lentamente corroendo
O que entre sonhos via
O que amor parecia
O que parecia poesia
Entre tantas, uma outra...

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo e dolorido poema... Afinal, só um espinho a mais pra enrijecer as paredes do coração, pra inspirar belas poesias, pra guardar no porta-retrato da mente, para os anais da história pessoal dos amores perdidos...