sexta-feira, julho 14, 2006

Amor de Outono


AMOR DE OUTONO

Vilma Santos
(setembro/2005)

Havia uma fresta na alma cinzenta de asa quebrada...
Amor chegou assim de mansinho, sem muita palavra,
Sem praquês nem porquês...
Foi entrando e ficando...
Um dia de cada vez, mais um dia mais um mês...
Não importa aonde ir nem quando chegar..
O lugar é aqui, o momento é agora, a meta é o caminho bem trilhado...
Não planeja, age...
Afastando cortinas, abrindo janelas, pintando telas,
Pondo flores nos vasos vazios, poesia na folha branca,
Tão branca quanto a lua que há muito não se via
No céu de meio-dia de um dia dos namorados...
Amor pára o tempo, ignora o espelho...
Melhor ver o da alma, com os olhos de dentro...
Alma já não é cinza...floresce calma,
Apruma as asas coloridas e pulsa, e vibra e voa..
Voa e torna ao ninho porque existe Amor...
Amor que é feito de sonho plantado, de abraço apertado
De mãos dadas e pernas entrelaçadas,
De chuva no telhado,
De “Boa-noite-amor” de “Bom-dia-meu-bem”,
De pôr-de-sol por trás do jatobá, de beija-flor e sabiá
De marguerita e quatro queijos
De pele na pele, de corpo no corpo
De aconchego e muito beijo...
No jardim do amor de alma
Tem preciosa semente pra cuidar,
Espinhos pra arrancar,
Ervas daninhas e pragas pra afastar...
Amor de outono que aquece o inverno,
Floresce o verão e ilumina a primavera.

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