Cedo, cedo...o sol, preguiçoso, esfrega o olho...não sabe se levanta ou fica mais um pouco. Janelas dormem. Papagaio quer café. Ruas desertas, pistas vazias...podia dançar no meio do asfalto se dançar quisesse. Dálmata fugido...digo que é lindo, me ignora...espera que abram o portão. Árvore degolada renasce... fotografo! Cheiro de banho, de café, de pão quente. A beata e seu rosário madrugam pra falar com Deus. Primeiros carros, primeiros passos...passos lentos, apressados, em marcha, correndo... passo por muitos, muitos passam por mim. Jardim abandonado...periquito e bem-te-vi. Os dois velhinhos de todo dia...Bom dia!!! Quanta simpatia! A cadelinha poodle de lacinho cor-de-rosa...tão educadinha! Sem coleira, passo a passo com a dona. Cachorrão preto, ofegante, de focinheira quase arrasta o homem que o leva (ou é levado por ele?). Pra variar lembro Rubem Alves: “Muitas pessoas levam seus cães a passear. Eu levo meus olhos a passear. E como eles gostam! Eles têm fome de ver. Encantam-se com tudo. Para eles o mundo é assombroso. Tenho dó daqueles que caminham para fazer exercício, cabeça baixa, olhando para o chão, com cara de sofrimento, sem ver as árvores e os pássaros”. Eu bem que gostaria de levar meu cão a passear, mas por enquanto, só por enquanto não posso ter cão...Então assim como o poeta, levo meus olhos, ouvidos, narinas e alma a caminhar.Plantinha branca, que linda...outra foto! E aquela frutinha...já não dá pra dançar na pista... atravesso correndo. A frutinha vira foto. Cervejaria não dorme. Chamam o próximo caminhão para descarga. Caminhoneiro gaúcho, cuia de chimarrão. Mais um eucalipto cortado...se continua assim, que será dos pulmões daqui a pouco? Outros eucaliptos cheiram mais forte que nunca! choram a morte do irmão. Ali plantaram uma semente de “Campus”. Vamos ver se o governador com nome de planta tem palavra de raiz!quanto tempo vai levar pra nascer o pé de Universidade plantado nesta placa? Cobrinha morta, tadinha! Tão linda! banquete de formiga...é a vida...fim de um, alegria do outro.Relógio avisa: noventa minutos, mais noventa de volta! Gaiola de concreto te espera! Dói o pé... depois de “torcido”sempre dói, mas não é uma dorzinha besta que vai me segurar. A alma quer mais, e vai à frente me puxando, serelepe feito pipa a debicar. Quem vence é o relógio. “Vambora zóinho” (???) ! Amanhã tem mais.
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